Quarta-feira, 10 de Março de 2010
Em 2004 tornou-se num inesperado best-seller com Portugal Hoje - O Medo de Existir. Aos 71 anos, o filósofo e ensaísta José Gil aposenta-se como professor da Universidade Nova de Lisboa. Dá a sua última aula hoje, às 16h, aberta a todos. O tema: "Coisas que interessam ou deveriam interessar a comunidade artística e os que se interessam por arte.
Em 2005 foi considerado pela revista francesa Nouvel Observateur como um dos 25 maiores pensadores do mundo e entre as suas obras estão A Imagem Nua e as Pequenas Percepções (1996), Movimento Total - O Corpo e a Dança (2001) ou O Imperceptível Devir da Imanência - Sobre a Filosofia de Deleuze (2008), mas foi com o inesperado best-sellerPortugal Hoje - O Medo de Existir - milhares de cópias vendidas; sete edições em quatro meses; a ascensão ao estatuto de uma espécie de filósofo-estrela... - que se tornou conhecido do grande público nacional. E foi de novo de Portugal que quis falar numa conversa em que preferiu não entrar a fundo nos temas da sua última aula, intitulada "A Formação da Linguagem Artística e a Filosofia" (das 16h às 20h, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas - Avenida de Berna, Lisboa). De Portugal, esse país onde a religião ocupa o espaço público para a arte e a filosofia, e, ao mesmo tempo, de uma contemporaneidade que profaniza vorazmente o que ainda lhe resta de sagrado.
Terça-feira, 2 de Março de 2010
Genericamente podemos distinguir as éticas utilitaristas das éticas deontológicas formulando duas questões:
1. O que torna as nossas acções certas ou erradas?
2. Quando é que nossas acções são certas ou erradas?
No que diz respeito à primeira questão, obtemos estas respostas:
Ética Utilitarista: apenas as consequências das nossas acções as tornam certas ou erradas. As nossas acções são certas ou erradas apenas em virtude de promoverem imparcialmente o bem-estar.
Ética Deontológica: nem só as consequências das nossas acções as tornam certas ou erradas. Muitas acções são intrinsecamente erradas, ou seja, erradas independentemente das suas consequências. Podemos dizer, aliás, que todos temos de respeitar certos deveres que proíbem a realização dessas acções.
Quanto à segunda questão, temos estas respostas:
Ética Utilitarista: uma acção é certa apenas quando maximiza o bem-estar, ou seja, quando promove tanto quanto possível o bem-estar. Qualquer acção que não maximize o bem-estar é errada.
Ética Deontológica: uma acção é errada quando com ela infringimos intencionalmente algum dos nossos deveres. Qualquer acção que não seja contrária a esses deveres não tem nada de errado.
Observações:
Alguns defensores da ética deontológica, por oposição aos utilitaristas, atribuem relevância moral às distinções acto/omissão e intenção/previsão, defendendo o seguinte:
Actos e Omissões: É pior provocar um mal que permitir que um mal ocorra. Por exemplo, é pior matar uma pessoa que deixá-la morrer.
Intenção e Previsão: É pior dar origem a um mal intencionalmente que dar a origem a um mal que não pretendemos produzir, ainda que saibamos que o mesmo resultará da nossa conduta. Por exemplo, é pior torturar alguém que fazer algo que resulte em sofrimento como efeito colateral.
Adaptado de http://aartedepensar.com/acetatos/cap08.pdf